
Estamos no Março Azul-Marinho, mês de conscientização sobre o câncer colorretal, o terceiro mais comum no Brasil. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2023 e 2025, são esperados 45.630 novos casos anuais no país. Embora a mortalidade venha diminuindo em alguns países devido a programas de rastreamento, o cenário brasileiro ainda enfrenta desafios como a baixa adesão a exames preventivos, como explica o biomédico e pesquisador em saúde coletiva do Núcleo de Projetos, Prevenção e Pesquisa em Câncer (NuPPPeC) do Grupo Luta Pela Vida, Felipe Cordero. “Nos últimos anos, houve avanços na prevenção, rastreamento e tratamento do câncer colorretal, reduzindo a incidência e a mortalidade, especialmente entre maiores de 50 anos. Isso se deve à implementação de programas de rastreamento e à redução do tabagismo. Porém, no Brasil, essa tendência ainda não se consolidou devido à cobertura limitada dos programas e baixa adesão da população”.
A doença pode ser silenciosa nos estágios iniciais, sendo detectada principalmente em exames de rotina. Entretanto, à medida que avança, pode causar sintomas como alterações no hábito intestinal, sangramento retal, dor abdominal, anemia inexplicável, fadiga persistente e perda de peso sem explicação. “Esses sinais, principalmente se persistirem por mais de três meses, devem ser investigados por um profissional de saúde”, alerta o pesquisador. O rastreamento pode ser feito com recomendação médica e é essencial para a detecção precoce da doença.
Aumento de casos e estilo de vida
Um fator preocupante é o aumento de casos em pessoas com menos de 50 anos. Estudos indicam que, até 2030, 1 em cada 10 diagnósticos de câncer de cólon e 1 em cada 4 de reto ocorrerão nessa faixa etária. Segundo Felipe, essa mudança não está ligada apenas a fatores genéticos, mas ao estilo de vida. “O aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, a obesidade infantil, o sedentarismo e até a exposição precoce a fatores de risco, como antibióticos na infância, são fatores que podem estar impulsionando esse crescimento.” Ele ressalta a importância da adoção de hábitos saudáveis desde a infância, incluindo alimentação equilibrada e prática regular de atividade física.
A dieta, de fato, desempenha um papel central na prevenção. “O consumo de álcool, tabaco e carnes processadas está fortemente associado ao aumento do risco, enquanto alimentos ricos em fibras, frutas, verduras e peixes ajudam a reduzi-lo”, pontua o pesquisador. Além disso, estudos recentes também apontam que bebidas adoçadas com açúcar podem estar ligadas à maior incidência da doença. “Embora ainda não sejam classificadas como cancerígenas por órgãos reguladores, evitar ou minimizar o consumo desses produtos é uma recomendação importante.”
Principais exames de rastreio e avanços no diagnóstico
No Brasil, os exames de rastreamento incluem a pesquisa de sangue oculto nas fezes (obtida no próprio exame de fezes) e a colonoscopia. “A colonoscopia é essencial porque, além de diagnosticar precocemente, permite a remoção de pólipos antes que se tornem cancerígenos”, esclarece o especialista.
Felipe destaca que, no futuro, espera-se uma maior adoção de testes imunoquímicos fecais devido à sua maior sensibilidade, especificidade e facilidade de uso em relação ao teste de sangue oculto. Testes de DNA fecais e exames de sangue, que identificam alterações características do câncer, também estão sendo estudados. “Além disso, a colonoscopia virtual e a cápsula endoscópica, tecnologias menos invasivas, estão sendo desenvolvidas, mas sua implementação em larga escala no Brasil dependerá de custos e viabilidade”, afirma o biomédico.
Para saber mais informações sobre o câncer colorretal, baixe gratuitamente o nosso eBook sobre o Março Azul-Marinho disponível abaixo: